Como o diabetes afeta o coração

Por: - Médico Cardiologista - CRM/SC 4101 RQE 1132
Publicado em 21/07/2017 - Atualizado 08/02/2019

Como o diabetes afeta o coração

Um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares é o diabetes. A doença está relacionada ao infarto, ao acidente vascular cerebral (AVC), ao entupimento de artérias e à formação de aneurismas. Mas como o diabetes afeta o coração, exatamente?

Para entender isso, é preciso saber como surge o diabetes, que é classificado em dois tipos: 1 e 2. De acordo com o Diabetes Atlas, elaborado pela International Diabetes Federation (IDF), há mais de um milhão de crianças e adolescentes em todo o mundo com diabetes mellitus tipo 1 (DM1).

Ele aparece quando o pâncreas perde a capacidade de produzir insulina, hormônio responsável por facilitar a entrada de glicose nas células. Sem ela, o açúcar não chega ao destino correto e permanece na corrente sanguínea.

Alguns fatores genéticos e outros ambientais podem colaborar para o surgimento do diabetes mellitus. Geralmente, o diagnóstico é confirmado pela análise do índice glicêmico, que é verificado a partir de um exame de sangue, que pode ser feito em jejum (o mais recomendado), ou não.

Caso o resultado do exame esteja acima de 126 miligramas para cada 100 mililitros de sangue (126 mg/ml) e esse valor se mantenha em uma segunda análise, há grande chance de uma pessoa ser considerada diabética. Os níveis de índice glicêmico considerados normais variam entre 70 e 110 mg para cada 100 ml.

A doença é pouco frequente e a tendência é de que seja descoberta na infância ou na adolescência. É desencadeada por um problema no sistema imunológico e só pode ser controlada a partir da administração de injeções diárias do hormônio em falta.

Podem ser administradas várias doses de insulina, com diferentes finalidades, com o uso de uma seringa, caneta ou sistema de infusão contínua, para recuperar o equilíbrio metabólico. O total de doses depende da idade, do peso e da fase da doença. A alimentação, a rotina, a prática e a intensidade da atividade física também influenciam no cálculo da quantidade de insulina necessária a uma pessoa.

Em compensação, o diabetes tipo 2 ocorre quando a insulina secretada pelo pâncreas não é totalmente aproveitada pelas células musculares e adiposas. Isso acaba fazendo com que a glicose em circulação seja pouco utilizada pelo organismo.

A possibilidade de uma pessoa desenvolver uma doença cardiovascular é muito maior nos casos de diabetes tipo 2. A condição potencializa outros fatores que também são determinantes para o surgimento de problemas cardíacos, como o nível elevado de colesterol e a pressão alta.

As consequências da doença também podem ser percebidas em gestantes, pois os bebês podem desenvolver predisposição para a obesidade. Órgãos como os olhos e os rins também podem ser prejudicados, assim como os dentes e os pés, que às vezes precisam ser amputados em decorrência de alguma complicação ocasionada pelo diabetes.

O risco diminui se as orientações do endocrinologista para mudar o estilo de vida e o uso dos medicamentos prescritos forem seguidas corretamente pelo paciente. O propósito do tratamento, geralmente, é fazer com que o índice glicêmico permaneça o mais próximo possível do considerado adequado. Muitas vezes, isso requer controle do peso, da pressão arterial e da quantidade de gordura no sangue, o que também ajuda a evitar doenças cardiovasculares.

A obesidade, a hipertensão arterial e a dislipidemia são condições que estão associadas a grande parte das pessoas diagnosticadas com diabetes tipo 2 e, consequentemente, ao surgimento das doenças coronarianas em pessoas que apresentam um desses fatores ou mais.

Entenda como o diabetes afeta o coração e previna-se

Algumas mudanças no estilo de vida já são suficientes para impedir que as formas como o diabetes afeta o coração evoluam, começando pelo controle do peso. A prática regular de alguma atividade física também é uma boa maneira de evitar que a doença prejudique o corpo. Outra, é cuidar da alimentação.

Os carboidratos, quase que instantaneamente, são transformados em glicose pelo organismo, principalmente se houver necessidade de aumentar a carga de energia. Por este motivo, eles devem ser evitados. Os alimentos mais indicados para a prevenção, controle ou cura do diabetes tipo 2 são frutas, legumes e verduras, grãos integrais e produtos como leite e seus derivados desnatados.

Respeitar o horário das refeições é mais uma das formas de impedir que a doença cause danos ao organismo. Cada um desses cuidados é determinante para que ela seja completamente controlada e o coração se mantenha saudável.

Mesmo assim, há casos e casos, ou seja, pode ser que, apesar de o paciente adotar todas as recomendações, ainda seja preciso utilizar algum medicamento para regular o índice glicêmico, que deve ficar abaixo de 99 para ser considerado normal.

Os remédios só podem ser utilizados mediante prescrição do endocrinologista. A consulta e o acompanhamento com um especialista é o mais indicado para manter o diabetes distante ou sob controle.

Muito mais do que monitorar o nível glicêmico de cada pessoa, o especialista cuida para que não ocorra o aumento do peso, pois este é um fator relacionado ao maior risco de se desenvolver diabetes. No Brasil, mais de 12 milhões de pessoas são diabéticas.

Material escrito por:
Médico Cardiologista - CRM/SC 4101 RQE 1132

Diretor técnico da Unicardio, o Dr. Harry Correa Filho é formado em medicina pela UFSC e especialista em cardiologia pelo Instituto de Cardiologia de Santa Catarina, onde já foi diretor. É professor de cardiologia na Unisul e Pesquisador de estudos clínicos, como EMERAS, ISIS 4, PARAGON, PLATO e TRILOGY.

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