Tanto as pessoas que possuem intolerância à lactose quanto as pessoas que não possuem o problema, têm dúvida sobre se as dietas sem lactose emagrecem. Hoje, com a facilidade de diagnóstico da intolerância, muitas pessoas têm descoberto a condição clínica e optado por remover a lactose da alimentação, seja pela retirada de 100% dos leites e derivados, ou pela utilização destes produtos na versão isenta de lactose.
Porém, com essa novidade, muitas pessoas têm atribuído a suspensão da lactose da alimentação como uma conduta utilizada para perda de peso, o que não é verdade. Entenda o porquê.
Não é verdade que as dietas sem lactose emagrecem
A lactose é um carboidrato presente no leite e seus derivados, que precisa ser digerida (ou quebrada) para ser absorvida pelo intestino. E esse trabalho é realizado por uma enzima chamada lactase.
Geneticamente, grande parte da população está programada para ter intolerância à lactose, uma condição caracterizada pela redução da lactase no organismo, o que prejudica a digestão da lactose e impede a sua absorção.
As consequências da intolerância à lactose são as mais variadas:
- gases;
- diarreia ou evacuação mole;
- constipação;
- inchaço;
- dores abdominais;
- refluxo;
- náuseas;
- vômitos;
- dores de cabeça.
No entanto, ao retirar a lactose da alimentação, quem possui a intolerância se beneficia pela redução, ou até mesmo a anulação, destes sintomas.
Em relação à percepção estética, pode ocorrer a redução do volume abdominal devido à redução da flatulência, mas não ocorre a perda de gordura corporal ou peso, já que a contribuição calórica da lactose é mínima. Ou seja, dizer que a dietas sem lactose emagrecem é um erro.
Existem prejuízos?
Não existe prejuízo em evitar o consumo de lactose. Ao contrário, essa é uma conduta que serve para melhorar os sintomas intestinais das pessoas que possuem intolerância, e não tem relação com a perda de peso.
No campo científico, não há estudos que comprovem os benefícios das dietas sem lactose na perda de peso. Além disso, restringir o consumo de derivados de leite da alimentação pode afetar as concentrações de cálcio e proteínas no organismo, algo totalmente lesivo. Este ponto é importante, pois as pessoas que possuem intolerância à lactose devem repor estes componentes em sua dieta.
Quem não possui intolerância à lactose e deseja emagrecer pode consumir:
- queijos amarelos e gordurosos;
- manteigas;
- iogurte natural;
- creme de leite fresco.
Todos esses alimentos possuem baixo teor de lactose e grandes quantidades de gordura de boa qualidade, que é uma excelente fonte de energia para o bom funcionamento do organismo, além, é claro, de conter cálcio e proteína em sua composição.
Mitos sobre o leite e o ganho de peso
Quem acredita que as dietas sem lactose emagrecem argumenta que a proteína do leite contribui para o ganho de peso, mas isto não está correto. Todas as proteínas, independentemente da origem, tem um valor calórico definido de quatro calorias por cada grama, ou seja, um valor baixo.
Outra questão apontada é que o leite causaria o estufamento da barriga. De fato, pessoas que têm intolerância à lactose podem sofrer um estufamento devido à fermentação excessiva e, quando se evita os alimentos com lactose, a barriga irá desinchar. Porém, quem não tem intolerância à lactose pode consumir o alimento sem correr este risco.
Pessoas contrárias ao consumo do leite na alimentação também afirmam que ele causa inflamações no organismo e, consequentemente, favorece o sobrepeso e a obesidade. O leite realmente possui gorduras saturadas e, quando estes ácidos graxos são ingeridos em excesso, levam às inflamações.
Como tudo na nutrição, deve-se pensar sempre na moderação. Quem toma mais leite do que o recomendado, terá excesso de calorias e gorduras, e é isto que causará alguma consequência. Por isso, quando consumido na quantidade indicada (três porções de lácteos por dia), o leite e seus derivados não irá proporcionar maior inflamação no organismo de pessoas saudáveis.
Luiza Kuhnen, M.Sc Nutricionista ClÍnica CRN10 2422
Mestre em Nutrição Clínica pela UFSC Profa. Graduação em Nutrição Católica- PUC