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Os cuidados com a saúde do coração da mulher

Quando o assunto é cuidar da saúde, as mulheres tendem a se sobressair, pois, geralmente, buscam cuidar mais da saúde do que os homens. Mas será que quando falamos do coração da mulher, elas mantêm esses cuidados?

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), há 50 anos, de cada 10 mortes por infarto, apenas 1 era mulher. Já na última década, esse número vem aumentando e alcançando 6 a cada 10 mortes. Isso pode ter relação com o fato de que, em muitos casos, as mulheres podem não apresentar a esperada dor no peito que é relatada pelos homens.

De acordo com a SBC, algumas mulheres podem apresentar náuseas, vômitos, dores nas costas e pescoço, falta de ar e indigestão. Todos esses sintomas podem ser facilmente associados a outras doenças e infecções – o que dificulta o diagnóstico de problemas cardiovasculares nas mulheres, já que frente a esses sintomas muitas pessoas tendem a se automedicar – o que é um erro gravíssimo que as coloca em risco.

Essa diferença de sintomas poderia estar associada a variações hormonais, a uma maior resistência à dor e a fatores físicos e psicológicos que ajudariam a negar ou subestimar o problema.

Neste artigo, confira algumas das falas mais importantes da entrevista com o doutor Harry Correa Filho e a doutora Ana Paula Cunha sobre a cardiologia da mulher. Os especialistas responderam algumas perguntas para que as mulheres fiquem atentas a saúde do coração e busquem atendimento especializado caso apresente algum sintoma de doenças cardiovasculares.

Quais cuidados as mulheres devem ter com seu coração? Por que isso difere dos homens?

As mulheres enfrentam uma condição especial que é a menopausa. Segundo a Associação Americana do Coração (AHA), certos fatores de risco para doenças cardiovasculares podem se intensificar durante esse período, e uma dieta rica em gorduras, fumo e hábitos não saudáveis anteriores, ou não, à menopausa também podem afetar a saúde cardíaca da mulher.

O Dr. Harry Correa Filho, cardiologista da Unicardio, explicou na transmissão ao vivo realizada em nossos canais que estes fatores de riscos podem ser prevenidos, porque a maioria deles são relacionados aos hábitos. “Apenas uma pequena parcela das mulheres com tendência às cardiopatias tem um fator genético, então é possível prevenir as doenças cardiovasculares”, salienta. 

O cardiologista lista que os cuidados que as mulheres devem ter incluem exercícios físicos regulares e uma boa alimentação, além de evitar hábitos não saudáveis. O tempo de exercícios deve ser de, pelo menos, 150 minutos por semana, ou seja, pouco mais de 20 minutos por dia. “Não é preciso fazer nada que não goste. Basta escolher alguma atividade que goste e procurar ter uma rotina regular de exercícios”, completa Dr. Harry. 

Já quanto à alimentação, recomenda-se o consumo de frutas e vegetais, grãos integrais e nozes, aves e peixes, e laticínios com baixo teor de gordura. Recomenda-se ainda a limitação do consumo de carne vermelha e alimentos e bebidas ricos em açúcares.

Quando as mulheres devem procurar a ajuda de um endocrinologista?

 A Dra. Ana Paula Cunha, endocrinologista da Unicardio, explica que existe uma gama de doenças sob a atenção da especialidade relacionado com as deficiências hormonais, como a tireoide, cuida também da diabetes, da reposição hormonal pós-menopausa, da glândula adrenal e da hipófise. “Infelizmente muitas mulheres procuram a endocrinologia quando estão preocupadas com a estética de obesidade. Mas, a questão do peso é fundamental como um fator de risco para várias doenças, inclusive as cardiovasculares, como a hipertensão, a diabetes, o colesterol, infarto e o derrame”, esclarece.

Neste sentido, a endocrinologista aponta que a endocrinologista faz o acompanhamento de mulheres estão sujeitas ao desenvolvimento de trombos, e as mulheres que pós-menopausa precisam de reposição hormonal. A Dra. Ana Paula salienta a importância de buscar a endocrinologia de forma preventiva, o que maximiza o poder de ação para o tratamento de doenças.  

O Dr. Harry complementa explicando que a diabetes é um importante fator de risco para doenças cardiovasculares e é importante que seja acompanhada por um cardiologista e um endocrinologista. 

Como o anticoncepcional e os hormônios podem afetar o coração da mulher?

Por ser um medicamento, o anticoncepcional pode apresentar efeitos colaterais que podem refletir na cardiologia feminina.

A trombose e a tromboembolia pulmonar são dois desses possíveis efeitos colaterais. Na trombose ocorre uma coagulação do sangue dentro dos vasos sanguíneos que obstrui a passagem de sangue. Normalmente, a trombose ocorre nas pernas.

Já a tromboembolia pulmonar ocorre quando parte dessa coagulação se descola para os vasos dos pulmões e dificulta a respiração. Esse quadro pode ser fatal.

Por isso, os anticoncepcionais não devem ser utilizados sem recomendação médica, já que é necessário identificar o medicamento mais adequado e possíveis contraindicações que ele possa ter.

Recomenda-se, ainda, que a paciente que usa pílulas anticoncepcionais sempre informe em suas consultas o uso do medicamento, independentemente, se lhe foi perguntado.

Quais as doenças mais atingem o coração da mulher?

Entre as doenças que mais afetam o coração das mulheres estão o Enfarte Agudo do Miocárdio, a Cardiopatia Hipertensiva e o Acidente Vascular Cerebral. O Dr. Harry apresenta um dado expressivo sobre o AVC: as mulheres brasileiras estão 3x mais sujeitas ao problema do que as americanas e canadenses.

O Enfarte Agudo do Miocárdio (conhecido também como “ataque cardíaco”) ocorre quando há um entupimento súbito das artérias coronárias. Esse entupimento bloqueia a passagem de sangue e oxigênio ao coração.

A Cardiopatia Hipertensiva é mais conhecida, popularmente, por “pressão alta” ou “hipertensão” e, geralmente, é silenciosa e assintomática. A paciente só sente sintomas como dores de cabeça e cansaço quando a pressão arterial está muito elevada. Nesse quadro, o coração precisa fazer um esforço muito maior para realizar a circulação sanguínea.

Já o Acidente Vascular Cerebral (o AVC) pode ocorrer devido do fluxo sanguíneo no cérebro, o que impede que oxigênio e nutrientes circulem normalmente ou quando há o rompimento de alguma artéria.

Quando a mulher precisa fazer avaliação cardiológica?

Se você apresenta qualquer um dos sintomas ou hábitos descritos abaixo, recomenda-se que faça uma consulta preventiva para evitar o aparecimento ou desenvolvimento de qualquer quadro cardíaco.

Entre os sintomas pode-se notar:

  • cansaço ou falta de ar durante atividades físicas (ou repouso);
  • batimentos cardíacos acelerados;
  • arritmia cardíaca;
  • palpitações;
  • dores no peito e desmaios sem explicação;
  • dores de cabeça sem sinusite e
  • inchaço nas pernas, tornozelos e pés;

“É importante estar atento aos sinais, porque nas mulheres eles são muito atípicos do que nos homens. E antes de dizer que uma dor é fator emocional é necessária uma consulta com um especialista para validar esta percepção”, explica o Dr. Harry. 

Já as pacientes assintomáticas podem fazer uma avaliação cardiológica caso apresentem algumas dessas condições:

  • hábitos como tabagismo, sedentarismo, alcoolismo e dieta inadequada;
  • doenças pré-existentes como dislipidemia, hipertensão, diabetes e obesidade ou sobrepeso;
  • fatores como estresse, depressão e ansiedade e
  • histórico familiar de doença coronariana ou cardiovasculares.

O Dr. Harry elucida que as consultas podem começar a partir dos 20 anos, e serem realizadas de maneira espaçada. A partir dos 40 anos devem ser realizadas regularmente e, em seguida, de acordo com a recomendação médica.

Você ainda tem dúvidas sobre cardiologia e os cuidados com o coração da mulher? Então acompanhe a transmissão ao vivo realizada com o Dr. Harry Correa Filho e a Dra. Ana Paula Gomes Cunha.

Material escrito por:

Dr.-Rafael-Kuhnen

Rafael Kuhnen

Cardiologista

CRM/SC 6716 RQE 2959

  • Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) (1989-1995);
  • Residência em Clínica Médica no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC) (1995-1997);
  • Residência Médica em Cardiologia no Instituto de Cardiologia de Santa Catarina (ICSC) (1997-1999);
  • Título de especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC-AMB);
  • Diretor Técnico da Clínica Unicardio (Biênios 2009-2011 e 2011-2013);
  • Membro do corpo clínico do Hospital SOS Cardio – Florianópolis-SC.

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