O cardiologista intervencionista é o médico que realiza os procedimentos no coração e nos vasos sanguíneos de forma minimamente invasiva. Essa área da cardiologia é uma evolução da medicina e permite que os pacientes tenham uma recuperação muito mais rápida.
Para falar mais sobre essa especialidade que está ganhando cada vez mais força no Brasil, conversamos com o Dr. Tammuz Fattah, cardiologista aqui da Unicardio que é especializado em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Continue lendo e confira a nossa entrevista com o cardiologista.
O que é a cardiologia intervencionista?
Dr. Tammuz: É uma área de atuação da cardiologia que trata problemas do coração por meio de procedimentos minimamente invasivos, ou seja, uma técnica que não se utiliza de cortes e, sim, punções.
Esta especialidade realiza diagnósticos e tratamentos das doenças do coração, dos vasos principais da aorta e da artéria pulmonar. Atualmente, ela tem substituído cada vez mais as intervenções cirúrgicas. Estes procedimentos são realizados por meio de dispositivos miniaturizados que chegam ao coração através dos cateteres e servem para:
- restaurar o fluxo sanguíneo para o coração;
- reparar ou substituir as válvulas cardíacas danificadas ou em mau funcionamento e
- reverter condições perigosas, tais como o infarto agudo do miocárdio.
É possível tratar quais doenças/problemas nessa especialidade?
Dr. Tammuz: Hoje, o cardiologista intervencionista é capaz de tratar uma grande quantidade de patologias cardíacas. Uma delas é a desobstruir as artérias coronárias, tanto em situações estáveis quanto em situações de emergência, como é o caso do infarto agudo do miocárdio ou da angina instável por meio da angioplastia com implante de stent.
Também podemos corrigir defeitos congênitos cardíacos com as valvuloplastias ou colocação de dispositivos que tampam orifícios que deveriam ter fechado ao nascimento, tanto em adultos como em bebês recém-nascidos.
A cardiologia intervencionista vem evoluindo muito rápido e, atualmente, também realiza a substituição de valvas cardíacas (valvas aórtica, a mitral, pulmonar e tricúspide) sem a necessidade de cirurgia aberta.
Quais exames são realizados pelo cardiologista intervencionista?
Dr. Tammuz: Quando falamos sobre a parte diagnóstica da cardiologia intervencionista, o procedimento mais comum realizado é a coronariografia. É o famoso cateterismo cardíaco que serve principalmente para avaliação das artérias do coração, mas também podemos visualizar outros vasos como a aorta e as cavidades cardíacas (os ventrículos e os átrios).
O cardiologista intervencionista também pode realizar avaliações fisiológicas das artérias coronárias, como o FFR/DFR, exame que mostra se a obstrução desse vaso causa isquemia ou não. Isso é avaliado por minúsculos sensores que medem a diferença de pressão dentro das artérias.
Há também o ultrassom intracoronário que serve para a visualização interna das artérias do coração, onde avaliamos a extensão e as características da placa aterosclerótica. Avaliamos também as pressões nas diversas cavidades cardíacas e na circulação pulmonar, e testamos suas pressões e resistências.
Além disso, há os exames diagnósticos para avaliação das válvulas coração. Enfim, o papel da cardiologia intervencionista na medicina moderna é de suma importância e fundamental para refinar e dar mais assertividade aos diagnósticos.
Qual é a diferença entre cardiologia intervencionista e cirurgia cardíaca?
Dr. Tammuz: A diferença entre as especialidades é a forma na qual atuamos nas patologias cardíacas. A cardiologia intervencionista é minimamente invasiva. Acessamos os vasos, o coração e os vasos pulmonares através de cateteres que introduzimos por uma pequena punção arterial ou venosa.
Também realizamos procedimentos diagnósticos e terapêuticos. Os procedimentos terapêuticos são realizados da mesma forma que os diagnósticos, apenas por uma punção arterial ou venosa.
Já a cirurgia cardíaca, também extremamente fundamental para a cardiologia e para a resolução de várias patologias cardiovasculares, como próprio nome diz, envolve procedimentos cirúrgicos, ou seja, para se acessar o coração há a necessidade da abertura do tórax e o procedimento é realizado tocando diretamente o órgão.
Como alguém se torna um cardiologista intervencionista?
Dr. Tammuz: Nós, cardiologista intervencionistas, após nos formarmos médicos na faculdade de medicina, enfrentamos pelo menos mais 6 anos de formação. Iniciamos com a residência de clínica médica por dois anos que é um pré-requisito para podermos ingressar na residência de cardiologia, que também tem a duração de dois anos.
E essa última é um pré-requisito para poder ingressar na área de atuação chamada hemodinâmica e cardiologia intervencionista que também dura dois anos. Além de toda esta formação, os critérios para obtenção do certificado perante a Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista são extremamente rígidos. A SBHCI exige ainda provas teóricas e práticas.
Quais são as vantagens dessa subespecialidade?
Dr. Tammuz: A hemodinâmica e a cardiologia intervencionista, na realidade, não são uma subespecialidade. É uma área de atuação dentro da cardiologia que conta com árduas fases para se formar e obter o título de especialista.
A grande vantagem é você poder fazer diagnósticos e procedimentos de forma minimamente invasiva, com alta resolutividade e com possibilidade de pouco tempo de internação. Como consequência, os resultados são melhores, com menor agressão ao paciente e retorno precoce para suas atividades e seus familiares.
Como funcionam os procedimentos com cateteres?
Dr. Tammuz: Tudo começou graças ao pioneirismo do Dr. Forsmann que provou em 1929 ser viável a introdução de um cateter no coração sem prejuízos para as pessoas. Com o passar dos anos, a especialidade evoluiu e vem evoluindo dia a dia com novos dispositivos, melhorando os diagnósticos e aperfeiçoando os tratamentos.
Mas é possível descrever, de uma forma genérica, como funciona o cateterismo na maioria das vezes. Antes de tudo, o paciente precisa estar em jejum, ter suspendido algumas medicações e ser checado para verificar se tem alergia a contraste a base de iodo.
Após esses processos, o paciente é levado à sala e é realizada a sua sedação. Escolhemos a via de acesso e realizamos anestesia local. É feita a punção de uma artéria ou veia, dependendo do tipo de procedimento.
Introduzimos cateteres extremamente flexíveis que têm em torno de 2 mm de diâmetro e os guiamos gentilmente em direção ao coração com visão direta através de uma grande máquina de raio-X que gira em torno da maca para nos dar a melhor visão possível.
Após chegar ao coração ou ao local em que queremos estudar ou tratar, realizamos as imagens e as análises que precisamos com dispositivos miniaturizados. Estes dispositivos vão por dentro dos cateteres e podem ser terapêuticos, como balões, stents, válvulas, ou diagnósticos, como ultrassom ou guias de medida de fluxo.
Após a realização do procedimento retiramos os cateteres e no local da punção é feito um curativo compressivo. Após a recuperação de exames diagnósticos, o paciente vai para casa em seguida e em procedimentos terapêuticos o paciente passa a noite no hospital, caso esteja bem no outro dia pode receber alta.
Agradecemos ao Dr. Tammuz Fattah pela sua participação e por todas as suas explicações sobre a cardiologia intervencionista. Caso você tenha gostado desse conteúdo, nos siga no Facebook e no Instagram. Nesses canais compartilhamos dicas e falamos mais sobre a saúde do coração.
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