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Quais são as complicações da obesidade infantil?

Por muito tempo, crianças “gordinhas” eram consideradas saudáveis. Contudo, atualmente, sabemos o quanto a obesidade infantil pode ser maléfica, pois é uma doença que gera graves danos à saúde durante a infância e até mesmo deixando sequelas na vida adulta.

A prevalência de obesidade e sobrepeso aumenta na população brasileira. A projeção dos resultados de estudos realizados nas últimas três décadas indica um comportamento epidêmico. Observa-se aumento gradativo da obesidade e do sobrepeso desde a infância até a idade adulta

Os dados sobre o assunto são alarmantes: segundo o Ministério da Saúde, a enfermidade afeta cerca de 13,2% das crianças brasileiras de 5 a 9 anos de idade. Nessa mesma faixa etária, 28% delas já se enquadram no sobrepeso.

Para identificar a obesidade infantil, pode ser utilizado o método do Índice de Massa Corpórea (IMC), assim como é feito com os adultos. Dieferente dos adultos, o limite de normalidade é estabelecido por curvas de IMC específicos para idade e sexo, sendo classificadas como sobrepeso e obesidade. O Brasil adota as curvas de IMC da Organização Mundial da Saúde (OMS), disponíveis para meninas de 0 a 5 anos, de 5 a 19 anos, e também para meninos do nascimento até 5 anos e de 5 a 19 anos. Portanto, para a população pediátrica, não é simplesmente fazer o cálculo do  IMC como se faz para os adultos e do resultado verificar em qual categoria o paciente está. Requer uma avaliação mais aprimorada, por isso deve ser avaliado de perto pelo médico pediatra. No entanto, é sempre bom ficar atento ao assunto. Por isso, criamos esse material com o que você precisa saber sobre a obesidade infantil. Confira!

Fatores de risco

No desenvolvimento da criança, há situações que se associam com frequência à obesidade, tais como obesidade dos pais, sedentarismo, peso ao nascer, aleitamento materno e fatores relacionados ao crescimento. A associação entre a obesidade da criança e o IMC dos pais parece ser significativa a partir da idade de 3 anos e permanece até a idade adulta. A obesidade da mãe, mesmo antes da gestação, correlaciona-se ao IMC da criança, na idade de 5 a 20 anos. A inatividade física, indiretamente avaliada pelo número de horas em frente a tela (>2 horas a partir dos 2 anos), relaciona-se, de maneira significativa, à obesidade. O aleitamento materno é um fator de proteção contra o aparecimento da obesidade em crianças. Sobrepeso ao nascer parece ser um preditor de risco de obesidade em adultos.

As causas da obesidade infantil

Antes de entender como evitar esse problema, é preciso conhecer os principais fatores que estão por trás da obesidade infantil. Veja quais são eles:

Alimentação inadequada

Tanto para adultos quanto para as crianças, ter uma boa alimentação é essencial para a saúde, incluindo a tarefa de manter o peso ideal.

Portanto, oferecer salgadinhos, bolachas recheadas, sanduíches e frituras, além de outros alimentos industrializados, por exemplo, aumentam as chances da criança desenvolver obesidade.

Por isso, o ideal é, desde a introdução alimentar, fazer com que os bebês passem a preferir ingredientes naturais, como frutas e verduras. Dessa forma, os açucarados e gordurosos serão menos apelativos.

É claro que a família também deve dar o exemplo. Não adianta exigir que o filho coma saudavelmente enquanto os pais só consomem fast food. E a geladeira, repleta de alimentos não saudáveis. O processo de prevenção deve ser coletivo, familiar. Todos devem participar, para que a família seja sadia.

Sedentarismo

As crianças podem amar ficar em frente às telas. No entanto, brincar no videogame, assistir desenhos ou jogar no computador não são ações que gastam todas as calorias necessárias.

É fundamental que os pequenos se movimentem! Estimule o seu filho a realizar brincadeiras agitadas e, se possível, matricule-o em algum esporte.

A falta de sono também é uma das causas da obesidade

Você sabia que dormir bem contribui para a manutenção do peso ideal? Isso porque o horário de descanso está interligado com o relógio biológico, o que, consequentemente, regula o metabolismo e a queima de calorias.

Ansiedade e depressão

As crianças também podem sofrer com transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão. Essas doenças são fatores de risco para as compulsões alimentares, quando há ingestão excessiva de comida.

Fatores hormonais e genéticos

Distúrbios hormonais e causas genéticas também podem levar à obesidade infantil. Portanto, é muito importante que a criança mantenha o acompanhamento médico, para que o especialista possa verificar em tempo hábil quando há o indício de algum problema.

Os perigos da obesidade infantil

A lista de complicações que podem ser geradas pela obesidade infantil é longa. Confira alguns desses danos:

  1. doenças respiratórias, como asma e apneia;
  2. diabetes;
  3. hipertensão;
  4. problemas ortopédicos, como dores na coluna e joelhos;
  5. acne;
  6. dislipidemias;
  7. enxaqueca;
  8. acúmulo de gordura no fígado e
  9. distúrbios cardiovasculares.

Também não se pode esquecer dos impactos emocionais. Infelizmente, crianças com sobrepeso estão mais sujeitas a sofrer bullying, o que pode causar depressão, ansiedade, isolamento social e até distúrbios alimentares (que também são perigosos), como anorexia e bulimia.

Além disso, segundo uma pesquisa publicada na revista científica The Lancet, crianças obesas têm de 50% a 80% de chances de continuarem sofrendo com a obesidade durante a vida adulta.

Como evitar?

O tratamento convencional fundamenta-se na redução da ingestão calórica, aumento do gasto energético, modificação comportamental e envolvimento familiar no processo de mudança. O tratamento se dá em longo prazo e sugerem-se visitas frequentes. Deve haver um constante reforço estruturado em relação ao comportamento, envolvendo aumento de brincadeiras que envolvam atividade física vigorosa (pelo menos 1 hora por dia), redução do uso de telas (menos de 1 hora por dia somando televisão, computador, videogame estático, celular, tablet etc), metas de alvos da dieta, mas sem nenhuma menção de metas de peso para o paciente, especialmente nos adolescentes. O objetivo, algumas vezes, pode ser a manutenção do peso, resultando numa diminuição de IMC com o aumento da idade e o aumento da altura

Amamentação

amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida e a continuação dela até os dois anos de idade contribui para evitar diversas doenças, inclusive a obesidade infantil.

Cuidado com os medicamentos

Alguns remédios podem interferir no metabolismo da criança e aumentar os riscos de ganho de peso. Então, lembre-se que todo medicamento, por mais simples que seja, deve ser dado apenas após a prescrição médica, com o acompanhamento periódico do especialista.

Dê o exemplo

Toda a família também deve se engajar em um estilo de vida mais saudável. É importante que os pais também mantenham uma alimentação equilibrada e a prática de exercícios, por exemplo. Assim, esses bons hábitos se tornarão naturais para os pequenos por toda a vida.

Meu filho está com obesidade infantil! E agora?

Depois de conhecer mais sobre essa doença, você acredita que o seu filho esteja com obesidade infantil? Mantenha a calma e procure ajuda médica. É possível tratar o problema!

Aqui, na Unicardio, contamos com um especialista em cardiologia pediátrica, que irá te mostrar as formas de reverter a condição e cuidar do coração do seu bebê. Afinal, esse é um órgão bastante afetado pelo excesso de peso.

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Material escrito por:

Maurício Laerte Silva

Cardiologista Pediátrico / Ecocardiografista

CRM/SC 2658 RQE 4610/12179

  • Graduação em Medicina (UFSC) em dez/1979
  • Residência em Pediatria (HIJG) – RQE 434
  • Especialização em Cardiologia Pediátrica (InCor-SP) – RQE 4610 á(rea de atuação em Cardiologia Pediátrica)
  • Título de Habilitação em Ecocardiografia (Sociedade Brasileira de Cardiologia e Sociedade Brasileira de Pediatria)- RQE 12.179
  • Título de Especialista em Cardiologia Pediátrica pela AMB/SBP/SBC
  • Fellow em Pesquisa Perinatal/cardiologia fetal (Wayne State University, Michigan,USA; Georgetown University, Washington DC,USA; e NIH/NICHD Santiago.Chile) – 1993 a 1995
  • Mestrado em Ciências Médicas (UFSC)
  • Mestrado em Epidemiologia/Avaliação de Tecnologias em Saúde (UFRGS)
  • Doutorado em Ciências Médicas (UFSC)
  • MBA em Gestão da Saúde (UDESC)
  • Especialização em Administração Hospitalar e empreendimentos de saúde:ênfase em organizações públicas (UNISUL)
  • Professor voluntário do Curso de Medicina da UFSC de 1983 a 2008
  • Médico assistente (Cardiologista Pediátrico e Ecocardiografista) do Hospital Universitário da UFSC de 1983 a 2015
  • Cardiologista Pediátrico e Ecocardiografista do Hospital Infantil Joana de Gusmão, da SES de Santa Catarina, de 1983 2020
  • Membro efetivo do Departamento Científico de Cardiologis da Sociedade Brasileira de Pediatria de 2022 aos dias atuais

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