4 cuidados com o coração das crianças

Por: - Médico Pediatra - CRM/SC 2658 RQE 4610/12179
Publicado em 09/11/2020

4 cuidados com o coração das crianças

Quando o tema é o coração das crianças, muitas famílias, por falta de conhecimento, não dão a devida atenção. Mas as cardiopatias congênitas, que aparecem já nas primeiras oito semanas de gestação, e as doenças cardiovasculares têm influência sobre toda a vida infantil e adulta.

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde e a Organização Mundial da Saúde, a cada ano, cerca de 8 milhões de crianças nascem com uma deficiência grave no coração ou uma cardiopatia congênita.

Dessas crianças, 3 milhões morrem antes do quinto aniversário por causa do problema. Só na América Latina, 21% das mortes que ocorrem antes do quinto aniversário são causadas por problemas congênitos. E 1 de cada 5 bebês perde a vida por causa desses problemas antes de completar 28 dias de vida.

Esses números mostram que a Cardiologia Pediátrica não pode ser ignorada, ainda que muitas famílias não tenham conhecimento de sua importância. Por isso, a Unicardio preparou 4 dicas para você cuidar do coração das suas crianças desde a gestação até a infância.

Atenção aos primeiros 1000 dias de vida

Os primeiros 1000 dias de vida (que incluem os 9 meses da gestação) são fundamentais para a saúde da criança.

Se a mãe tem uma dieta mal balanceada e com alimentos ruins, se ela fuma e consome bebidas alcoólicas, seu corpo se torna um ambiente hostil ao bebê que está se desenvolvendo. Nessas condições, o bebê pode apresentar alterações metabólicas que incluem as cardiopatias congênitas.

Ainda durante a gravidez, o consumo de alimentos ricos em vitaminas e minerais e uma dieta sem restrição de alimentos é fundamental para evitar que o bebê nasça com um metabolismo poupador de energia.

O metabolismo que apresenta essa condição tem tendência a armazenar toda caloria extra ingerida, o que facilita a formação de gordura, aumentando o colesterolObesidade, diabetes e hipertensão são doenças que podem se desenvolver a partir desse quadro.

Amamentação

A amamentação reflete nos cuidados com o coração das crianças.

Por ser riquíssimo em nutrientes, gorduras, açúcares, enzimas, células vivas, etc. o leite materno ajuda a diminuir as chances de que a criança desenvolva colesterol alto no decorrer da vida.

É importante salientar que a amamentação deve ser mantida até, pelo menos, os 2 anos de idade. Mas, após os 6 meses de vida, recomenda-se a introdução de alimentos saudáveis como frutas e vegetais. Antes disso, a amamentação deve ser feita, exclusivamente, com o leite materno.

Exercícios físicos e alimentação

A infância é o momento ideal para uma pessoa começar a praticar exercícios físicos. A falta desse hábito pode fazer com que a criança se torne um adulto com doenças cardiovasculares. Sedentarismo e má alimentação na infância são condições que tendem a perpetuar hábitos na vida da pessoa.

O exercício físico tende a controlar o peso da criança e, consequentemente, condições como:

  • colesterol elevado (que pode causar o bloqueio de artérias);
  • pressão arterial elevada (que enfraquece o coração e aumenta o risco de Acidente  Vascular Cerebral – AVC);
  • diabetes (que aumenta a pressão arterial, o risco de doenças cardíacas e AVC) e
  • estresse (que reflete as condições anteriores).

A alimentação é outro fator que influencia o coração das crianças. Alimentos ricos em açúcares, sódio e gorduras aumentam a possibilidade de AVC, derrame e hipertensão. As gorduras saturadas aumentam o risco de obesidade e entupimento de veias.

Para ter um melhor controle sobre a alimentação das crianças, recomenda-se o consumo de frutas, verduras e legumes e uma dieta pobre em alimentos (ultra)processados.

Consulte seu pediatra

A consulta com o médico pediatra é recomendada já durante a gestação. Nesse período, com um ultrassom fetal o cardiologista pediátrico pode descobrir se há alguma má formação no coração do bebê em desenvolvimento.

Um Ecocardiograma Fetal pode ser solicitado caso o pediatra suspeite de alguma anomalia ou caso os pais do bebê tenham alguma(s) das seguintes predisposições:

  • cardiopatia congênita (operada ou não);
  • diabetes gestacional e
  • idade materna avançada (acima dos 35 anos).

A realização do exame deve ocorrer entre as 24ª e 28ª semanas de gestação e deve ser parte da rotina do pré-natal.

Caso o exame não seja realizado, um ecocardiograma pode ser solicitado se o bebê apresentar alguma anomalia cardíaca no Teste do Coraçãozinho que é realizado ao nascimento. Esse teste já é obrigatório no Brasil desde junho de 2014 (tanto na rede pública quanto privada), por tanto, exija sua realização.

Cada paciente apresenta condições particulares, por isso, não deixe de consultar seu médico. Apenas um profissional qualificado pode diagnosticar e oferecer o melhor tratamento para cada caso.

 

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Material escrito por:
Médico Pediatra - CRM/SC 2658 RQE 4610/12179

Dr. Mauricio Laerte Silva é formado em medicina, pela UFSC, onde também é mestre e doutor em Ciências Médicas. É especialista em cardiologia pediátrica, pelo InCor-SP, e mestre em Epidemiologia, pela UFRGS (2012). É cardiologista pediátrico e ecocardiografista e professor do curso de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina.

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