Tetralogia de Fallot: o que é e como é diagnosticada

Por: - Médico Pediatra - CRM/SC 2658 RQE 4610/12179
Publicado em 11/07/2022

Tetralogia de Fallot: o que é e como é diagnosticada

A chegada de um bebê é um momento de grande alegria para os pais. No entanto, quando o médico encontra alguma enfermidade cardíaca na criança, o medo pode tomar conta. Um desses distúrbios é a Tetralogia de Fallot, um nome um pouco estranho e que agrega vários problemas no coração.

No entanto, acreditamos que o conhecimento é a chave para que esse diagnóstico não gere um desespero nos pais. Por isso, decidimos criar esse artigo para explicar o que é a Tetralogia de Fallot, uma situação rara e que promove quatro defeitos cardíacos no bebê, que podem ser diagnosticados desde a gestação.

Esta é uma das inúmeras cardiopatias congênitas que acometem as crianças e é a mais frequente entre as que provocam alterações da oxigenação sanguínea. O que ocorre é uma série de malformações cardíacas. Assim, na criança portadora de Tetralogia, o órgão irá enviar sangue pobre em oxigênio para o corpo, quando o adequado seria o contrário.

Nós vamos te mostrar todos os detalhes a respeito desse assunto. Acompanhe na leitura.

O que é a Tetralogia de Fallot?

A Tetralogia de Fallot é uma condição complexa, mas o básico acerca dela é o que já mencionamos: enquanto o coração deveria encaminhar sangue rico em oxigênio para todo o corpo, a fim de “alimentar” bem os tecidos e células, as anomalias fazem com que sangue com baixa oxigenação atinja todo o organismo.

A enfermidade afeta quatro regiões do órgão. São elas:

  1. Septo interventricular: neste local existe um orifício e esta é a parede que separa os ventrículos, as cavidades que ficam na parte inferior do coração. Com este defeito haverá uma comunicação entre as duas câmaras;
  2. Obstrução da saída do ventrículo direito: esta câmara é responsável pelo envio do sangue para os pulmões e na Tetralogia existe uma obstrução a esse fluxo, dificultando essa passagem;
  3. Deslocamento da aorta para o lado direito: esta é a maior artéria do corpo e tem a função de garantir que o sangue oxigenado irrigue o organismo, e nesta cardiopatia ocorre um posicionamento anormal deste vaso;
  4. Hipertrofia do ventrículo direito: : é uma resposta à obstrução na saída desta cavidade, para que o ventrículo consiga superar o obstáculo e consiga ejetar o sangue para os pulmões.

O diagnóstico

Ainda na gestação, durante os exames de ultrassonografia, o médico obstetra pode perceber alguma anomalia cardíaca no feto. E um exame mais acurado, a ecocardiografia fetal, pode definir a cardiopatia com detalhes, já intraútero. Após o nascimento, além do exame físico, será realizado um novo exame, um ecocardiograma no bebê, para revisão de todos os achados do ecofetal e definição do tratamento a partir de então.

Outros exames complementares também serão solicitados, como Raio x de tórax e eletrocardiograma, mas o ecocardiograma é o mais importante nesta etapa.

As causas da Tetralogia de Fallot

A Tetralogia de Fallot pode estar associada a algumas síndromes congênitas, como a de Down, Alagille e DiGeorge. Contudo, há a possibilidade de existir um aspecto genético para o surgimento do problema no bebê. Na maioria das vezes não se identifica um fator causal, sendo considerada então como de origem multifatorial, como acontece com a grande parte das cardiopatias congênitas.

Outro risco é a infecção por rubéola pela gestante, uma doença que é grave nesta fase da vida e pode gerar várias malformações cardíacas no feto. O consumo de bebidas alcoólicas durante a gravidez também é visto como outro fator de risco.

Os sintomas

O bebê com Tetralogia de Fallot pode apresentar as extremidades e mucosas azuladas, às vezes de difícil caracterização em um primeiro momento, em razão do bombeamento de sangue pobre em oxigênio. Isto geralmente começa a acontecer entre o primeiro e o segundo mês de vida. A intensidade é variável, pois dependerá de quanto sangue com baixa saturação de oxigênio está atingindo a circulação do corpo.

Algumas crianças podem apresentar episódios de súbita acentuação desta cor azulada, que chama-se cianose, caracterizando a chamada “crise hipoxêmica”, que apresenta risco para o paciente, tratando-se de uma emergência cardiológica. Além da intensa cianose, o bebê fica extremamente irritado, chorando incessantemente e apresentando ofegância.

Outras crianças podem fazer episódios de palidez, moleza, letargia, que são equivalentes da crise hipoxêmica e devem ser reportadas ao pediatra e/ou cardiopediatra.

O tratamento da Tetralogia de Fallot

Intervenções cirúrgicas são os tratamentos mais comuns da Tetralogia de Fallot. No entanto, para os bebês ainda muito novos, e sem condições de serem submetidas a uma cirurgia maior, pode-se optar por operação “ temporária, ou parcial”, em que é realizado um procedimento menor e menos invasivo, apenas para aliviar os sintomas enquanto a criança se desenvolve e, depois, esteja apta a enfrentar uma operação maior e definitiva, e se desenvolver normalmente.

Ainda assim, o paciente precisará manter o acompanhamento cardiovascular por toda a vida. Com esse cuidado, a criança pode se desenvolver normalmente.

Você tem alguma dúvida sobre a Tetralogia de Fallot?

Sabemos que a Tetralogia de Fallot é uma situação complexa e até mesmo difícil de ser compreendida. Portanto, caso você esteja com alguma dúvida ou o seu bebê possua essa enfermidade, entre em contato conosco e venha conversar com o Dr. Maurício Laerte Silva, nosso especialista em cardiologia pediátrica. Você pode fazer isso pelo site.

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Material escrito por:
Médico Pediatra - CRM/SC 2658 RQE 4610/12179

Dr. Mauricio Laerte Silva é formado em medicina, pela UFSC, onde também é mestre e doutor em Ciências Médicas. É especialista em cardiologia pediátrica, pelo InCor-SP, e mestre em Epidemiologia, pela UFRGS (2012). É cardiologista pediátrico e ecocardiografista e professor do curso de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina.

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