Marca-passo no coração: quando é recomendado?

Por: - Médico Cardiologista - CRM/SC 4101 RQE 1132
Publicado em 04/04/2022

Marca-passo no coração: quando é recomendado?

O marca-passo no coração é uma forma de tratamento para doenças cardiovasculares que traz mais qualidade de vida e impede complicações, como o óbito súbito. Apesar de ser uma tecnologia usada há muitos anos, é comum que os pacientes fiquem em dúvida sobre o funcionamento e a indicação desse dispositivo.

Além disso, há pessoas que se questionam como é feita a implantação do dispositivo no coração, se realmente é necessário passar por essa cirurgia e quais são as mudanças que devem ocorrer no dia a dia com o uso do aparelho.

Para responder todas essas dúvidas, criamos esse artigo. Continue lendo e saiba tudo sobre o marca-passo no coração.

O que é o marca-passo no coração?

O marca-passo no coração é um pequeno dispositivo que faz o monitoramento contínuo do músculo cardíaco, identificando e normalizando qualquer anomalia, como as irregularidades na frequência, interrompimento dos sinais elétricos e lentidão nos batimentos.

Para entender melhor o seu funcionamento, é preciso compreender como o coração funciona. Basicamente, esse órgão faz dois movimentos. O primeiro consiste em uma expansão dos músculos, etapa em que se enche de sangue. Já no segundo, há a contração, o que faz com o sangue seja bombeado para todo o corpo.

Quando cada um desses movimentos ocorre, o coração dá uma “batida”, que pode ser sentida com a mão no peito.

O que controla essa ação é uma parte do próprio órgão, que emite sinais elétricos transmitidos para todas as células e elas reagem. O problema é que nem sempre tudo isso ocorre como deveria. Muitas vezes, o sinal elétrico emitido não é forte suficiente para fazer todas as células se contraírem ou se expandirem.

Além disso, também podem haver algumas células que não respondem como deveriam ao sinal, ficando paradas durante todos os movimentos. Como consequência, o coração pode bater mais lento do que deveria ou ter batimentos fora do ritmo normal. Em ambos os casos, esse problema é chamado de arritmia cardíaca.

O marca-passo no coração, então, é um dispositivo que visa corrigir o problema do descompasso cardíaco. Para isso, o aparelho conta com duas partes: um pequeno gerador movido a bateria, que faz o controle e envia os impulsos elétricos, e fios condutores que vão até o órgão. Dessa forma, o órgão volta a bater normalmente.

Para quem o marca-passo é recomendado?

O marca-passo no coração é recomendado para os pacientes que sofrem de arritmia cardíaca, mais especificamente da bradicardia. Esse problema é caracterizado pela redução dos batimentos, o que faz com que o sangue seja bombeado com menos frequência e pressão, o que impacta todo o funcionamento do organismo de forma geral.

Existem muitas enfermidades ou problemas que causam essa redução dos batimentos. As mais conhecidas são:

  • ataque cardíaco;

  • alguns tipos de drogas;

  • problemas na tireoide;

  • aumento de pressão intracraniana;

  • envelhecimento;

  • inflamação dos tecidos cardíacos;

  • doença do nó sinusal;

  • obstrução parcial ou total dos vasos sanguíneos;

  • infecções, como Doença de Chagas;

  • trauma cirúrgico e

  • doenças reumatológicas.

Dentro de todos esses exemplos, recomenda-se a colocação do dispositivo quando os batimentos ficam abaixo de 40 batimentos por minutos, há uma pausa maior que 3 segundos ou é comprovado uma anomalia séria no rimo cardíaco. Isso pode ser feito tanto de forma permanente quanto temporariamente. No caso do envelhecimento, por exemplo, o paciente tende a ficar com o aparelho pelo resto da vida, já durante a inflamação dos tecidos pode ser algo temporário.

Todo mundo pode colocar um marca-passo no coração?

A colocação de um marca-passo no coração conta com algumas contraindicações, que variam diretamente de acordo com o tipo de dispositivo e com o caso do paciente. Em algumas situações, é contra-indicado quando há:

  • bloqueio atrioventricular;

  • síndrome do seio carotídeo hipersensível;

  • doença do nó sinusal e

  • taquiarritmia atrial persistente.

Mas isso não quer dizer que o procedimento não pode ser realizado, mas sim que é preciso utilizar outro tipo de aparelho para reduzir os riscos para o paciente.

Além disso, é comum que antes da cirurgia seja realizada uma bateria de exames para avaliar se a pressão arterial não está muito alta ou se há diabetes e outras doenças que podem tornar o procedimento mais arriscado. Apenas o especialista poderá analisar os resultados e verificar se não é necessário iniciar outro tratamento antes da colocação do marca-passo no coração.

Como é a cirurgia?

A colocação do marca-passo no coração pode parecer algo muito complexo, mas não é. Para isso, o cardiologista faz uma pequena incisão abaixo da clavícula do paciente e insere os fios condutores até o órgão através de uma veia. Esses fios são conectados ao gerador, configurado e testado na hora.

Essa parte que é maior não pode ser colocada no coração, então é escondida sob a pele. Tudo isso é feito sob anestesia local, o que fará que o paciente não sinta nenhum desconforto.

Vale ressaltar que a bateria do gerador dura em média de 5 a 15 anos. Quando a bateria acaba, é preciso realizar outro pequeno procedimento para substituí-la. Em todos os casos, o paciente normalmente recebe alta no mesmo dia e pode ter uma vida normal.

Qual o papel do cardiologista durante toda essa jornada?

Tanto a bradicardia quanto a colocação do marca-passo no coração apresenta riscos para os pacientes, por isso é indispensável ter o acompanhamento com um cardiologista de confiança para realizar todos os exames necessários, saber mais sobre cada aparelho e decidir pelo tratamento ideal para você.

Assim como todas as doenças e tratamentos cardiovasculares, essa exige a realização de consultas regulares com um médico especializado no coração.

Se você ainda ficou com alguma dúvida sobre esse tema, entre em contato conosco e fale com um especialista.

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Material escrito por:
Médico Cardiologista - CRM/SC 4101 RQE 1132

Diretor técnico da Unicardio, o Dr. Harry Correa Filho é formado em medicina pela UFSC e especialista em cardiologia pelo Instituto de Cardiologia de Santa Catarina, onde já foi diretor. É professor de cardiologia na Unisul e Pesquisador de estudos clínicos, como EMERAS, ISIS 4, PARAGON, PLATO e TRILOGY.

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